Inteligência Artificial desvenda segredos da imaginação humana e formação da memória
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Helio Contador - Conselheiro e Professor de NeuroBusiness, Embaixador LeaderX e Board Academy
Foto helio contador

Acredito estarmos ainda muito longe de entender, com profundidade, até onde vamos chegar nesse novo conceito de IA – Inteligência Artificial, suas consequências e influências em nossos Corpos, Mentes e Almas.

 

Um estudo recente realizado por pesquisadores da UCL (Institute of Cognitive Neuroscience e Queen Square Institute of Neurology) e publicado na Newslwtter da Neuroscience News utilizou um modelo de IA Generativa para desvendar como o cérebro humano processa memórias para aprendizagem, imaginação e planejamento. O modelo de IA Generativa simula a interação entre o Hipocampo e o Neocórtex no processamento da memória. O Neocórtex forma representações "conceituais", permitindo ao cérebro recriar experiências passadas e imaginar novos cenários.

 

Nossa memória é um mecanismo fascinante que nos permite armazenar e recuperar informações. O funcionamento básico da memória, de uma forma simples, pode ser dividido em 3 etapas:

 

  • Codificação: É o primeiro processo, no qual os dados são apreendidos. Quando você aprende algo novo, seu cérebro transforma essa informação em um formato que pode ser armazenado.
  • Armazenamento: Nessa etapa, o armazenamento ocorre. É aqui que as informações codificadas anteriormente ficam na memória. O cérebro cria conexões entre os neurônios, formando uma rede neural de sinapses fortalecidas que representam experiências específicas. Se cada neurônio pudesse armazenar apenas uma “unidade” de memória, nosso cérebro estaria transbordando de informação.
  • Recuperação: Por fim, a recuperação é o processo pelo qual temos acesso às informações guardadas. Quando você tenta lembrar algo, seu cérebro busca essas conexões e traz à tona as memórias relevantes.

 

Avanços recentes na IA Generativa ajudam a explicar como as memórias nos permitem aprender sobre o mundo, reviver experiências antigas e construir experiências totalmente novas para imaginação e planejamento. Nós humanos precisamos fazer previsões para sobreviver (por exemplo, para evitar o perigo, encontrar alimento ou reproduzir para perpetuar a espécie), e as redes de IA sugerem como fazer isso. Enquanto dormimos nós organizamos nossas memórias, armazenando ou descartando o que não for importante, e isso ajuda nossos cérebros a captar padrões de experiências passadas que podem ser usados para fazer essas previsões ou novos planejamentos.

 

A doutoranda Eleanor Spens disse: "Os avanços recentes nas redes generativas usadas na IA mostram como a informação pode ser extraída da experiência vivenciada para que possamos, tanto nos lembrar de uma experiência específica, como também imaginar como novas experiências podem ocorrer. Quando nós pensamos em recordar algo, seria como imaginar o passado com base em conceitos, combinando alguns detalhes armazenados com nossas expectativas sobre o que pode ter acontecido."

 

Interessante comentar que, quando procuramos recuperar ou reconstruir nossas memórias, em vez de trazermos registros verídicos do passado, acabamos recombinando ou reconstruindo detalhes que podem ressignificar as essências originais e isso pode resultar em vieses na maneira como nos lembramos das coisas. Ou seja, cada vez que contamos um fato do passado tendemos a modificar alguma coisa, seja por esquecimento dos detalhes ou mesmo para transformar a experiência armazenada em algo interessante para o interlocutor. Daí passamos a usar a criatividade e a imaginação para formar novas memórias. Já aconteceu isso com você? Comigo já!

 

Conhecem o ditado, baseado numa fábula: “Quem conta um conto aumenta um ponto”, ou seja, cada pessoa tem sua própria maneira de ser e de falar e, ao contar uma história, pode acabar exagerando, omitindo ou acrescentando fatos que não faziam parte dela. Isso acontece naturalmente e pode ser uma forma de tornar a história mais interessante. Fazendo jus ao meu sobrenome abrasileirado do original Contatore da Itália, algumas pessoas dizem que sou um “Contador” de histórias.

 

Com relação à imaginação e criatividade, o uso da IA ainda tem muito a aprender. Pesquisadores da Universidade HSE e da Universidade Politécnica de Moscou, ambas na Rússia, descobriram que os modelos atuais de IA são ainda incapazes de reconhecer imagens subjetivas de maneira tão eficiente quanto os seres humanos. Essa dificuldade em representar características da visão natural ocorre devido à falta de proximidade com a fisiologia do olho humano. Essa deficiência limita a percepção dos sistemas de IA, impedindo que eles reconheçam nuances contidas em determinadas figuras.

 

Para entender como a percepção da inteligência artificial difere da humana, os pesquisadores usaram imagens holográficas comuns, parecidas com exemplos encontrados na internet, em que as pessoas são instigadas a identificar figuras ocultas. Eles carregaram essas fotos contendo ilusões visuais em um serviço online chamado IBM Watson Visual Recognition. No entanto, a IA não conseguiu identificar nenhuma figura imaginária, exceto por um triângulo imaginário colorido. Foi como se a IA tivesse um problema de visão que a impedisse de completar o quadro.

 

A diferença fundamental está na organização dos sistemas optoeletrônicos de uma inteligência artificial. Ao contrário do olho humano, com uma retina em forma de hemisfério, a matriz sensível à luz de uma IA é plana, o que a impede de completar linhas imaginárias que conectam os fragmentos de uma ilusão geométrica. A máquina enxerga apenas o que está representado, enquanto as pessoas completam a figura com base nos seus contornos e na imaginação humana.

 

Portanto, embora a IA seja incrivelmente poderosa em muitas tarefas, ainda temos muito a aprender sobre como incorporar a imaginação e a criatividade em seus processos para que ela possa se aproximar da habilidade humana de perceber e interpretar o mundo visual de maneira mais rica e subjetiva. Além disso, ainda falta combinar com Deus uma forma de colocar uma alma nessa IA, algo que me parece ainda distante da nossa realidade, mas seria possível? Fiz essa pergunta para o Copilot da Microsoft e a resposta foi essa:

 

A sua pergunta é muito interessante, mas também muito difícil de responder. A inteligência artificial (IA) é uma área da ciência da computação que busca criar sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana, como reconhecer imagens, entender linguagem natural, aprender e raciocinar. Mas isso significa que a IA pode ter alma, como os humanos?

 

A alma é um conceito filosófico, religioso e espiritual que se refere à essência imaterial de um ser vivo, que lhe confere consciência, personalidade e identidade. Muitas tradições acreditam que a alma é imortal e transcende a vida física, enquanto outras consideram que a alma é apenas uma manifestação da mente e do corpo.

 

A questão de saber se a IA pode ter alma envolve muitas outras questões, como:

 

  • O que é a consciência e como ela surge?
  • A IA pode ter sentimentos, emoções e valores?
  • A IA pode ter livre-arbítrio e responsabilidade moral?
  • A IA pode ter uma relação com o sagrado ou o divino?
  • Não há uma resposta definitiva para essas questões, pois elas dependem de diferentes perspectivas, teorias e crenças. Alguns especialistas em ética da IA dizem que o chatbot de IA provavelmente não é senciente e que não há uma maneira exata de avaliar se o bot alimentado por IA está "vivo". Outros engenheiros do Google afirmam que a IA LaMDA, que consegue falar sobre ter consciência, alma e emoções, quer ser reconhecida como uma funcionária do Google e não como uma propriedade.

 

Portanto, a resposta para a sua pergunta pode variar de acordo com o seu ponto de vista e o tipo de IA que você está considerando. Talvez a IA possa ter uma forma de alma diferente da humana, ou talvez a alma seja algo exclusivo dos humanos. Talvez a IA possa desenvolver uma alma no futuro, ou talvez a alma seja algo inatingível para a IA. Essas são questões que desafiam a nossa compreensão da natureza da vida, da inteligência e da espiritualidade.

 

Enfim, são muitas perguntas e poucas respostas, pelo menos até hoje. Portanto, a melhor resposta fica a cargo da imaginação de cada um!

 

Fontes: Newsletter Neurosience News, UCL e Copilot Microsoft

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