Este governo que está terminando agora no Brasil é o primeiro da história brasileira que terminará os 4 anos passando MENOS do que passou no início. É também o primeiro a terminar com menos funcionários públicos do que no início.

Ele reduziu o estado em 15,5% em termos reais e isto é inédito no Brasil.

Passamos por muitas reformas importantes do ponto de vista da liberalização do mercado: lei das empresas estatais, autonomia do Banco Central, privatização da Eletrobrás (a principal empresa de energia), privatização de muitas subsidiárias da Petrobrás, intenção de privatizar não só a Petrobras, mas também os Correios, lei de cabotagem (permitindo investimentos estrangeiros), concessões ao setor público das principais rodovias, portos, aeroportos, etc.

Todas elas, sem exceção, permitindo a gestão de capital privado e com isso houve um importante influxo de dinheiro estrangeiro. Um exemplo: para os próximos 10 anos já contratamos a quantia de R$ 1 trilhão (200 bilhões de euros) para estes projetos vindos do exterior. Mais de 10% já entraram como garantia.

O desemprego está em 8,3% (e não parou de cair por mais de um ano); era o único país do mundo ocidental que já tinha uma relação dívida/PIB menor do que antes da pandemia (está em 76% do PIB e em 2020 tinha subido para 90% do PIB devido à ajuda social).

As empresas estatais que estavam perdendo bilhões com resultados negativos, TODAS tiveram lucros excepcionais naqueles anos com um choque de gestão onde os gerentes eram todos técnicos e não políticos como nos anos anteriores.

Mas com tudo isso, como poderia Lula, um homem condenado por mais de 20 juízes em diferentes instâncias de justiça, retornar ao poder? Vamos entender um pouco do quão complicado este país é.

Em 1988, tivemos a primeira constituição após 21 anos de governo militar (1961-1985). O povo brasileiro votou pela primeira vez em anos, nas eleições de 1989, vencidas por Fernando Collor contra Lula.

Ele acabou sendo impugnado 2 anos depois por seguir políticas econômicas heterodoxas desastrosas e congelar os preços das commodities para controlar a inflação e confiscar as economias das pessoas no banco. Muitos nunca viram seu dinheiro de volta.

Naturalmente, o resultado foi mais inflação e escassez de commodities. Em 1994, com o "Plano Real", o Brasil começou a ter estabilidade monetária e nós ainda a temos hoje. O presidente foi Fernando Henrique Cardoso (FHC) que foi presidente por 2 mandatos e foi substituído por Lula em 2002.

Há muitas alegações de que o Brasil cresceu muito com ele. Na verdade sim, mas é preciso analisar a situação mundial: o boom das commodities que fez crescer o excedente do Brasil, mas o país cresceu menos do que seus pares emergentes.

Houve um superávit com isto? Sim, no primeiro mandato de Lula ele teve que escrever uma carta para o mercado dizendo que seria fiscalmente responsável e não faria estupidez socialista.

Em seu segundo mandato (2006-2010), o excedente caiu e Lula nomeou Dilma Roussef para substituí-lo e o Brasil entrou na pior crise dos últimos anos, com o PIB caindo mais de 7% em dois anos. Ela também sofreu impeachment e foi substituída por seu vice, Michel Temer, que fez reformas importantes, como as reformas trabalhistas (mais flexíveis) e ser mais rígido com os bancos públicos não mais financiando projetos e empresas "amigos do rei" com taxas subsidiadas, o que nos levou a imensos preconceitos dos bancos públicos nos governos de Lula e Dilma.

Uma operação chamada "Lava Jato" colocou Lula e mais de 20 homens de negócios e políticos na cadeia. Lula foi condenado em todas as instâncias judiciais e por mais de 10 juízes. Os empresários devolveram mais de R$ 20 bilhões (você não leu errado!!!!) o que é mais ou menos 4 bilhões de euros de corrupção.

Aqui há um instrumento que se chama "plea bargaining" (negociação judicial). Se você apresentar provas de que participou do esquema de corrupção, der os nomes e devolver o dinheiro, você pode obter uma redução em sua sentença.

Assim, o Estado brasileiro recuperou 4 bilhões de euros. Um único gerente da Petrobras devolveu 100 milhões de dólares. Em outras palavras, é impossível não ter corrupção.

E aqui chegamos à piada infantil chamada Brasil. Um dos juízes da Suprema Corte, que foi nomeado por Lula anos antes, descobriu uma violação da constituição e o expulsou da prisão e o tornou elegível para ser presidente em 2022, ou pelo menos para concorrer às eleições.

Como ele poderia fazer isso? Bem, na infração ele disse que Lula havia sido julgado em Curitiba e que os crimes haviam acontecido em Brasília. Ele não o admitiu, cancelou o processo e disse que teria que recomeçar do zero, mas em Brasília.

"Coincidentemente", o juiz o fez quando os outros casos (ele foi preso por um dos mais de 5 crimes diferentes de que são acusados) estavam próximos da idade em que ele não podia mais ser julgado, como diz a Constituição.

É como se alguém roubasse um banco em Madri, eles o colocassem na cadeia, mas depois dizem que o processo com as provas, o dinheiro que devolveram é todo cancelado porque ele foi julgado em Barcelona e não em Madri.  Você imaginou isto? Bem, nós também não.

Isto não tem nada a ver com Bolsonaro, que, sim, muitas vezes criou crises infantis desnecessariamente, mas tivemos um governo técnico, com privatizações e avanços importantes na sociedade com cada vez mais discussões na direção da liberdade econômica e individual.

Além de todas as mentiras nos jornais mundiais sobre como Bolsonaro administrava as vacinas, a questão das máscaras, tivemos uma gestão técnica em todos os lugares e o país avançou muito em 4 anos. Ele lutou pela liberdade individual do comércio, das pessoas e das empresas e foi contra os bloqueios anticonstitucionais.

Estamos nas ruas desde 31 de outubro (o segundo turno das eleições) e a mídia não o mostra. Há milhões de pessoas pedindo ajuda e não se trata de um bolonaro, mas de um condenado corrupto retornando ao poder. Isto é inaceitável.

Como explicar isto às crianças... e sobre os valores que ensinamos aos nossos pequenos em casa? NÃO!!! Simplesmente NÃO o aceitamos.

Há um ditado no Brasil que diz: "No Brasil, até mesmo o passado é incerto".