A BOLA DA VEZ
Empresarial
MATHEUS FREITAS - ASSESSOR DE INVESTIMENTOS
Matheus

Mais uma copa do mundo e o sonho de ver o hexa continua vibrante, ver o Brasil sendo o melhor do mundo infla o orgulho brasileiro. Sem a Itália, somente a Alemanhã pode se igualar a nossa seleção em números de títulos. E a economia? Como está o Brasil em 2022 perante os outros 7 países que já levantaram a taça de melhores do mundo?

Temos oito paises que já foram campeões em copas passadas (Brasil, Itália, Alemanha, Argentina, Uruguai, França, Espanha e Inglaterra), três deles localizados na América do Sul e cinco na Europa. Hoje osdois continentes vivem realidades completamente diferentes, com poucas semelhanças. Enquanto os campeões do hemisfério sul se preocupam com a recuperação econômica pós-pandemia, desemprego e inflação, os países do hemisfério norte enfrentam, além dos problemas econômicos causados pelo COVID-19, um aumento gigantesco no preço do combustível e energia causados pela guerra na Ucrânia.

 

Inflação

Pelo andar da carroagem, há a possibilidade do Brasil ser campeão e fechar 2022 com a inflação mais baixa entre os 7 países campeões. Ate o mês de setembro/22, temos o cenário do Brasil com inflação de 4,3% no ano, seguido de França 4,6%, Uruguai 4,9%, Espanha 5,3%, Itália 7,1%, Inglaterra 7,60%, Alemanhã 9% e Argentina 66%. Na copa de 2018 o cenário era completamente diferente. Tinhamos a Espanha em primeiro lugar com a menor inflação de 1,10%, seguida da Inglaterra 1,2%, França 1,6%, Uruguai 1,7%, Alemanha 2,1%, Brasil 3,4%, Itália 8% e Argentina 47,70%.

No quesito inflação, é difícil imaginar melhores cenários para os campeões europeus até o final de 2022, visto que os bloqueios econômicos contra a Rússia em função da guerra não tem previsão de acabarem.

 

PIB

O produto interno bruto (PIB) é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos no país, sendo usado para analisar o crescimento econômico. Nesse item também há chances do Brasil ficar em primeiro entre os campeões das copas anteriores. Até outubro os resultados divulgados mostravam a Argentina com um crescimento de 4,3% do PIB em 2022 somando o 1ª e 2º trimestre, seguida do Brasil com 2,5%, Espanha 1,4%, Itália 0,9%, Inglaterra 0,7%, França e Alemanha com 0,3%. Não há dados sobre o Uruguai. Vale ressaltar que a alta inflação argentina justifica o crescimento do PIB, já que os altos preços dos produtos geram uma soma maior entre os bens e serviços finais produzidos no país.

Frente aos desafios impostos pela guerra, a indisposição europeia de negociar a paz com a Rússia, e a escalada dos problemas internos principalmente na Inglaterra e França, é bem provável que o Brasil termine o ano de 2022 com crescimento econômico superior aos países europeus.

Além de todos os problemas já citados causados pela guerra, há diversos problemas internos que prejudicam o crescimento econômico dos gigantes do futebol europeu. A Alemanha enfrenta dificuldades em contratar mão de obra qualificada, provocando queda na produção de grandes empresas como Airbus, BMW e a BASF, podendo custar até 85 bilhões de dólares por ano ao país. Na França manifestações motivadas pelo aumento do custo de vida reúnem quase 150 mil pessoas, levando a greves em todo o país e concequentemente uma crise que não pode ser desconsiderada. Enquanto isso o Reino Unido coleciona crises desde a pandemia, desvalorização da moeda, sucessivas renúncias de ministros, inclusive da premiê Liz Truss após 6 semanas no cargo.

Com um cenário menos tenso, a América do Sul enfrenta mais problemas internos do que externos. O Brasil luta contra a inflação reduzindo impostos e aumentando juros, ao passo que procura diminuir a taxa de desemprego. Nossa vizinha Argentina sofre com inflação nas alturas, acumulando 83% nos ultimos 12 meses e um baixo nível de reservas internacionais, enquanto o Uruguai segue com uma inflação preocupante de 9,4% acumulada no últimos 12 meses.  

Alguns meses atrás vivíamos em um mundo unipolar, onde o ocidente detinha a maior parte do poder e a partir de seus interesses o mundo era guiado. Talvez com alguns erros de cálculo e consequências não pensadas, a OTAN fez a Rússia se sentir ameaçada com políticas de expansão que aconteceram a partir do fim da União Sovietica. Sendo isso verdade ou não, o fato é que com a guerra na Ucrânia, a hegemonia de poder do ocidente é contestada. Com as grandes sanções econômicas colocando toda a economia Russa em xeque, talvez a própria China se sinta ameaçada, considerando que ela pode ser o próximo alvo, caso venha a executar alguma ação sobre Tawian.

Hoje moramos em um mundo que tende a ser menos globalizado, já que a desconfiança entre China e ocidente começam a dilatar. Com as tensões acentuadas, o ocidente importará menos produtos chineses, buscando fortalecer a indústria local, e com isso poderá reduzir a exportação de matérias primas que possam fortalecer as forças armadas e a economia chinesa. 

Com duas potências militares (Rússia e China) de um lado, e o ocidente do outro, o mundo volta a ser multipolar assim como na época da União Soviética. Assim, países estratégicos exportadores de petróleo, minério e alimentos como o Brasil, passam a ganhar uma importância maior no cenário mundial, já que ambos polos do mundo necessitam de nossos produtos.

Várias crises econômicas na Europa estão sendo causadas por essa cisão de poder no mundo, onde a Europa deixa de consumir energia de baixo custo fornecida pela Rússia substituindo pelo gás de maior valor dos Estados Unidos e Noruega. Com o gás e petróleo subindo de preço tão rapidamente, a Europa perde competividade para China, que continua comprando gás e petróleo com desconto da Rússia, tornando ainda mais discrepante no que se refere a competividade entre China e ocidente.

Em um cenário de extrema complexidade e de futuro incerto, para o Brasil ser “campeão” em 2022 e nos anos seguintes, será preciso bastante cautela ao negociar com as várias potências mundias porém sem tomar partido.     

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