Um mito da Grécia antiga fala de um rei chamado Lycaon que sacrificou um bebê e o serviu em um banquete para Zeus, o qual ficou enfurecido e o amaldiçoou, transformando-o em uma criatura metade homem e metade lobo. Séculos depois foi adicionado ao mito o potencial da prata em machucar o então chamado lobisomem, sendo popularmente conhecido assim até os dias atuais.
Atualmente a expressão bala de prata se tornou uma metáfora utilizada para soluções simples e precisas, de problemas e situações complexas. No mundo dos investimentos, tem se tornado cada vez mais comum acreditar na existência de investimentos tipo bala de prata, ou seja, que ao fazer tais aplicações, o investidor pode ficar despreocupado esperando o retorno, podendo inclusive repetí-lo diversas vezes com o mesmo desfecho.
Em 2020 a taxa Selic foi a mais baixa da história, iniciando em 4,50% a.a e fechando a 2,00% a.a. Fato que forçou investidores a abandonarem a poupança e a renda fixa, e migrar o capital para renda variável. Nesse mesmo ano, ações da Magazine Luiza valorizaram 109,78%, da Locaweb subiram 412% e Banco Inter 112,6%. A bala de prata parecia ser constituída por empresas de atendimento online ao cliente. Mas poucos meses depois, o mercado viu essas ações se desvalorizarem mais de 50%. Os investidores que concentraram seus investimentos em poucas empresas com grande potencial de valorização, acreditando ser a bala de prata para multiplicar seu capital, tiveram uma surpresa desagradável.
O IFIX é um indicador que calcula o desempenho médio das cotas de fundos imobiliários negociadas na B3 (bolsa de valores brasileira). Através dele podemos dizer que os fundos imobiliários valorizaram cerca de 138% desde o inicio de 2015 ate o final de 2019, conquistando o coração de muitos brasileiros. Entretanto nos 2 anos seguintes, o indicador mostra uma desvalorização de 12,2% desses ativos, chegando até 41% de queda no início da pandemia. Fato esse que mostrou o risco da concentração de capital até em investimentos imobiliários.
Será que o capital poderia estar protegido aplicando exclusivamente em renda fixa? Se levarmos em consideração somente o capital principal, é possível dizer que sim, mas se considerarmos a inflação, vai depender de como a carteira de investimentos foi montada. No período entre 2019 e 2021 a inflação brasileira bateu 19,98%, a taxa Selic rendeu 13,65%, enquanto a poupança somente 9,10%. Isso significa que R$ 100 mil em 2019 tem o mesmo poder de compra de R$ 19.980,00 no final de 2021. O poupador com R$ 100 mil na poupança em 2019 fechou 2021 com R$ 109.100,00 perdendo R$ 10.880,00 do seu poder de compra, enquanto quem investiu somente na taxa Selic terminou 2021 com R$ 113.650,00 perdendo R$ 6.330,00 do seu poder de compra.
O fato é que uma carteira de investimento saudável não pode conter somente um único ativo, ou apenas produtos da mesma categoria. A carteira de investimento deve ser eficiente, funcional, sendo usada tanto para reserva de emergência, como para proteção da inflação ou da alta do dólar e ainda preparar sua aposentadoria.
No momento de montar seu portifólio de investimentos, procure diversificar o capital para vários possíveis cenários. Tenha sempre uma reserva de emergência, pois imprevistos não são totalmente imprevisíveis, sabemos que vai acontecer, mas não sabemos quando. Do mesmo modo, aplicar uma parte do capital em ativos que protegem da inflação garantirá que o dinheiro não perca valor no longo prazo. E quando o assunto é bolsa de valores, todos queremos comprar ações quando estão baratas, mas nunca sabemos a melhor hora para compra. Sendo assim, não gaste todo seu dinheiro de uma vez, faça compras parceladas, compre ações de setores diferentes e sempre aproveite a oportunidade para comprar ações de boas empresas em momentos difíceis.
A verdadeira bala de prata na hora de investir é o conhecimento do investidor. Resultados moderados, mas constantes vão te levar mais longe do que grandes lucros acompanhados de grandes prejuízos.
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