SERÁ QUE SOU MESMO UM IMPOSTOR ? COMO MEU CÉREBRO REAGE Á ESTA IDEIA ?
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HELIO CONTADOR - PROFESSOR NEUROBUSINESS - FGV
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Quem já teve a sensação de não estar qualificado para um novo cargo recém promovido, para um novo projeto ou para um novo desafio? Excetuando-se aqueles que são indicados por apadrinhamento político ou mesmo por sucessão familiar (que não estão sujeitos necessariamente à meritocracia), quando questionamos nossas habilidades frente uma promoção ou ao sucesso de um projeto, é porque não confiamos o suficiente em nós mesmos e subestimamos nossas competências. Tendemos a achar que nosso sucesso é motivado pela sorte ou pelo acaso, ou seja, devido à fatores externos e não por mérito próprio.

Como seres sociais, temos enraizados em nós a necessidade de pertencimento, de sermos aceitos e aprovados por determinados grupos sociais. Ao subestimarmos nossas competências, nosso cérebro ativa o modo de “medo de uma não aceitação social”, ou seja, uma decepção que as outras pessoas terão ao descobrir que não somos tão competentes como nos mostramos.

Em um novo estudo sobre personalidade e diferenças individuais, psicólogos da Martin Luther University Halle-Wittenberg (MLU) mostram pela primeira vez que, mesmo em condições reais, o fenômeno aparece independentemente da idade, sexo ou inteligência.

"Uma quantidade saudável de reflexão e dúvida pode proteger uma pessoa de agir precipitadamente", explica Kay Brauer, do Instituto de Psicologia do MLU. No entanto, há pessoas que são permanentemente atormentadas por uma enorme quantidade de dúvidas, apesar de terem um bom desempenho, tais como obter boas notas ou receber feedback positivo no trabalho.

"Eles pensam que todos os seus sucessos não são um produto de sua habilidade ou trabalho duro, em vez disso, atribuem seus próprios sucessos a circunstâncias externas, por exemplo, à sorte e ao acaso, ou acreditam que seu desempenho é massivamente superestimado pelos outros. As falhas, por outro lado, são sempre internalizadas, como resultado de suas próprias deficiências. O fenômeno impostor não é definido como uma doença mental, no entanto, as pessoas que sofrem dela mostram maior suscetibilidade à depressão", diz Brauer, que espera que o novo estudo abra caminho para possíveis intervenções.

O fenômeno conhecido como síndrome do impostor foi descrito pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas americanas Pauline Clance e Suzanne Imes. Elas observaram que havia um número particularmente alto de mulheres bem-sucedidas que não se achavam muito inteligentes. Trata-se de um fenômeno pelo qual pessoas capacitadas e competentes sofrem de uma inferioridade ilusória, subestimando as próprias habilidades, chegando a acreditar que outros indivíduos (até menos competentes) são tão ou mais capazes do que elas. O interessante é que esta síndrome pode ser encarada como o oposto do chamado “Efeito Dunning-Kruger”, em que as pessoas se sobrevalorizam e não enxergam suas próprias incompetências.

As pessoas que sofrem deste tipo de síndrome, de forma permanente ou temporária, parecem incapazes de internalizar suas realizações na vida. Não importando o nível de sucesso alcançado em sua área de estudo ou de trabalho, ou quaisquer que sejam as provas externas de suas competências, essas pessoas permanecem convencidas de que não merecem o sucesso alcançado e que de fato são meras fraudes. Consideram que as provas de sucesso são desmerecidas, e são resultado de muita sorte ou de se ter estado no lugar certo na hora certa, ou ainda com a crença que a sua inteligência e habilidades foram superestimadas.

Uma boa alternativa para quem passa por situações como esta que acabamos de descrever é fazer uma retrospectiva de sua vida pessoal e profissional, desde a juventude até os dias atuais, como se fosse escrever o livro da sua vida. Esse exercício vai ressaltar as muitas realizações que foram feitas ao longo da vida e que tendemos a esquecer ou não valorizar; você vai se surpreender! Uma outra possibilidade é buscar uma ajuda terapêutica ou coaching profissional. Melhorar o autoconhecimento, reconhecer seus pontos fortes, aprender a aceitar elogios e elevar sua autoestima são fatores importantes para passar a acreditar mais nas suas habilidades e competências e assim ganhar mais confiança em si próprio.

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