Por que pagar plano de saúde se existem hospitais com atendimento gratuito? Para que gastar dinheiro com escolas particulares sabendo que existem escolas públicas? Creio ser simples a resposta: o estado não tem a capacidade de entregar um bom serviço, por isso pessoas pagam por eles. Já quando o assunto é aposentadoria não é diferente. É quase unânime o desejo de planejar um futuro onde se possa viver sem depender do próprio trabalho, com rendimentos mensais de seus investimentos. Para que isso ocorra existem duas variáveis importantes a se considerar, TEMPO e JUROS.
Não é novidade o debate sobre a importância do planejamento da aposentadoria, visto que o envelhecimento da população e a redução da natalidade é um problema em vários países. No Brasil, essa preocupação acontece devido o modelo previdenciário do país ser do tipo solidário, ou seja, a classe trabalhadora financia a classe aposentada, e no futuro uma nova geração trabalhará para financiar a sua aposentadoria.
Um estudo elaborado pela Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda aponta que o Brasil está passando por um processo de envelhecimento acelerado da população. Na Europa, foram necessários 50 anos para população com idade acima de 60 anos crescer de 11% para 20% da população. Já no Brasil, este processo está estimado para que ocorra em 20 anos, entre os anos 2015 e 2035. Tudo aponta para um cenário nebuloso, onde parece loucura confiar ao estado a responsabilidade de prover a quem não mais pode ou quer trabalhar durante sua velhice.
Diante do exposto, existem soluções onde o indivíduo garante viver sua terceira idade sem preocupar com aposentadoria do estado, podendo viver no padrão de vida desejado vivendo apenas de renda. Para que isso ocorra é essencial um bom planejamento de investimentos guiado por três perguntas: Qual renda busco? Quais os riscos aceitos? Quanto tempo preciso para aposentar?
JUROS X TEMPO
Dizem que a água é a maior força da natureza, podendo destruir construções, bairros e ate mesmo cidades. No mercado financeiro a maior força existente são os juros atrelado ao tempo. Pode parecer pouco, mas guardar R$ 600,00 por mês com uma taxa de juros de 0,80% a.m (ao mês) durante 30 anos, lhe rende um pouco mais de R$ 1 milhão em juros, conquistando uma renda de R$ 10.000,00 aproximadamente. No entanto economizar R$ 600,00 mensais para acumular R$ 7.525,00 com juros de R$ 60,00/mês pode não ser nada atraente. A visão de curto prazo é como neblina, deixa o que está próximo claro e palpável enquanto o que está longe não é nítido.
Outro exemplo de como os juros somado ao tempo pode garantir um futuro no mínimo confortável para os perseverantes: poupar R$ 1.000,00 por mês a uma taxa de 0,8% a.m no prazo de 30 anos, gera uma renda mensal de R$ 16.600,00 aproximadamente. Mas nessas mesmas condições no prazo de 10 anos, o rendimento mensal é drasticamente menor, sendo de somente R$ 1.600,00 aproximadamente.
Lembra quando falei que o estado nem sempre entrega o melhor serviço? Então, se tratando de aposentadoria parece ser uma verdade. No ano vigente o trabalhador que contribui com o teto do INSS (R$ 1.417,44) por 40 anos tem o direito de se aposentar com uma renda de R$ 7.087,22. Usando a mesma taxa de juros dos exemplos anteriores com aportes mensais de R$ 1.417,44, no prazo de 40 anos essa mesma pessoa teria uma renda mensal próxima de R$ 63.509,00 e um patrimônio de mais R$ 7 milhões. Claro que existe outras variáveis não levadas em consideração nesta estimativa, como o aumento do salário mínimo que acaba acarretando no aumento da renda do aposentado pelo INSS. Além disso, os valores aportados mensalmente devem ser corrigidos pela inflação e outras variáveis. Diante disso, conseguimos observar que confiar nosso futuro ao estado não é a melhor opção.
Escolha do Investimento
Pessoas escolhem seus carros pelo conforto, outros pela potência, tamanho do porta-malas ou até mesmo pelo custo benefício devida condição financeira limitada. Sendo assim, para cada individuo existe um carro ideal para o seu momento. Nos investimentos não é diferente, existem dezenas de opções para vários perfis de investidores e situações financeiras. Falarei algumas características técnicas dos produtos financeiros mais procurados pelos brasileiros, sem o intuito de recomendação.
Existem 3 tipos de investidores: conservadores, moderados e agressivos. Não existe investimento certo ou errado, mas existe sim o investimento errado para o perfil errado. Se um conservador investe na bolsa de valores, é gerado um tremendo desconforto emocional durante todo o tempo investido. Já se um agressivo investe somente em renda fixa, é quase que uma tortura ver o dinheiro rendendo tão pouco.
Conservador
Para os conservadores, a segurança do investimento sempre está em primeiro lugar, pois sua tolerância ao risco é muito baixa. Geralmente gostam de investimentos em renda fixa ou fundos de investimentos de renda fixa. Esses investimentos são aqueles nos quais podemos estimar quase de maneira exata o rendimento e com baixo risco. Exemplos: LCI, LCA, CDB e Debêntures.
LCI’s e LCA’s significam Letra de Crédito Imobiliário e Letra de Crédito do Agronegócio, ao investir nesses produtos o investidor empresta dinheiro a instituição financeira para financiar o setor imobiliário e do agronegócio. São isentos de imposto de renda.
Ao investir em CDB (Certificado de Deposito Bancário) o investidor empresta dinheiro a instituição financeira. O valor investidor é usado pela instituição para objetivos distintos, podendo financiar projetos ou até mesmo pagar dívidas. Existe pagamento de imposto de renda.
Quem investe em Debêntures empresta dinheiro para empresas de capital aberto. Ao investir nesse título a empresa passa a ter uma divida com o investidor, combinando uma taxa de juros e prazo para o pagamento da dívida. Geralmente empresas emitem debentures para financiar projetos de expansão, como novos galpões, novas fabricas e expansão de linhas ferroviárias.
Moderado
Enquanto investidores conversadores fogem do risco e os agressivos correm para ele, os investidores com perfil moderado possuem uma dosagem confortável para investimentos em renda variável sem abandonar a segurança. Muitas vezes montam suas carteiras de modo que os investimentos em renda fixa possam cobrir na totalidade ou de forma parcial os possíveis prejuízos da renda variável.
Além de LCA’s e CDB’s, também investem em fundos de investimentos multimercado. Essa classe de fundos tem autonomia para investir tanto em renda fixa como renda variável, ficando a critério do próprio fundo o grau de risco aceitável.
Escolhem empresas na bolsa de valores que pagam bons dividendos ou que estão desvalorizadas, porém com perspectivas de alta. Os investidores moderados sempre limitam uma porcentagem de sua carteira para renda variável de forma a não aumentar o risco do portifólio.
Agressivo
Os investidores que mais buscam retorno no mercado financeiro são os agressivos. As vezes são mal interpretados, com uma visão distorcida de que não tem medo do risco. Muito pelo contrário, um bom investidor com esse perfil reconhece os riscos de seus investimentos e fazem um controle rigoroso de risco retorno. Pode fazer parte de seu portifólio de investimento produtos de renda fixa, mas geralmente são usados como reserva de emergência ou reserva de caixa para novas oportunidades.
Existem investidores agressivos que fazem day trade, compra e venda de ações dentro de um único dia. Outros operam swing trade, que é a compra ou venda de ações com operações que tem duração de alguns dias ou semanas. Também fazem parte os indivíduos que especulam no mercado de comodities agrícolas, buscando ganhar na volatilidade dos ativos. Já outros investidores se sentem confortáveis comprando ações de empresas esperando ter lucro com dividendos e valorização das ações no longo prazo.
Enfim, no momento de montar seu portifólio de investimento para aposentadoria é importante conhecer seu apetite ao risco, rentabilidade dos produtos e valor médio aportado mensalmente sempre reajustando de acordo com a inflação. Se tratando de aposentadoria, o importante é a rentabilidade de longo prazo. Não se apague a resultados bons ou ruins de curto prazo, mas sim em ter consistência. Conheça cada produto para que não haja surpresas desagradáveis e sempre que possível, procure auxílio de um profissional. Mais importante que ganhar dinheiro no mercado financeiro é saber proteger a carteira para evitar prejuízos.
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