Nada melhor do que uma xícara de café, como dizia o químico Alexander King, “A necessidade básica do coração humano durante uma grande crise é uma boa xícara de café quente”. Sim, a segunda bebida mais consumida no mundo tem sua origem no continente Africano, mais alcançou níveis de tecnologia produtiva, ganhando a notoriedade e o coração de várias pessoas do mundo em solos tupiniquins.
A versão mais conhecida e aceita sobre a introdução do café no Brasil é a atribuída a Francisco de Melo Palheta, que em 1727 trouxe mudas e sementes da Guiana Francesa, plantando-as em Belém do Pará. Entretanto, existem informações da existência do café no Maranhão antes dessa data. Somos os maiores produtores e exportadores de café do mundo, somos o segundo maior mercado em consumo de café, atrás apenas dos norte americanos que consomem mais de 25 milhões de sacas por ano. Em consumo per capita os finlandeses assumem a primeira posição, cada pessoa no gelado país consome cerca de 12 kg de café por ano.
Um terço dessa demanda global está sendo produzida nos cafezais presentes nos estados de Minas Gerais (54%), Espírito Santo (19%), São Paulo (9%), Bahia (7,5%), Rondônia (4,3%) e Paraná (2,7%).
Hoje as espécies que mais se destacam no Brasil são Café Arábica (Coffea arábica) que responde por cerca de 60% da produção nacional e o Café Robusta ou Conilon (Coffea canephora), 40% da produção.
O hábito de beber café do brasileiro vem desde o período da colonização. Esse grão já foi motivo de crises políticas, sofreu com a chegada de novas pragas e doenças, foi de supervalorização a níveis de queimarem grandes estoques para manter a valorização do produto no mercado. Mesmo assim nunca saiu da boca, ou em uma expressão mais técnica, do paladar do Brasileiro.
Seja em cápsula ou em pó, o brasileiro e porquê não dizer os bebedores de café do mundo tem se tornado mais exigentes. A busca por cursos de classificadores e degustadores de café aumentaram mais de 80% nos últimos anos. No Brasil o mercado de café cresceu mais de 64% em cinco anos, com um faturamento estimado em R$ 27 bilhões, as cafeterias, sejam elas franquias ou individuais, passaram por uma repaginada, oferecendo ao público uma experiência única ao tomar uma xícara da bebida. Hoje o consumidor pode degustar um café da Alta Mogiana, ou do Norte Pioneiro do Paraná. Pode fazer uma comparação entre as bebidas produzidas na Serra da Mantiqueira ou no Cerrado Mineiro. A bebida hoje segue uma classificação que relaciona seu local de origem, observa notas sensoriais que relacionam seu aroma e sabor, sendo classificada como mole (conjunto de aroma e sabores, com notas florais, cítricas, frutadas, caramelizadas ou achocolatadas) ou dura (resulta num café que após a torrefação se apresenta intensa e encorpado, maior complexidade e sofisticação, essas são exigências para Cafés Gourmet em todo o mundo).
O Brasil tem um enorme potencial para produzir cafés de qualidade, especiais, marcantes e únicos. Mas é preciso explorar nossas peculiaridades. Uma missão facilitada pelas características geoclimáticas que evidenciam a diversidade de um país com dimensões continentais. Em uma embalagem de um café especial hoje, você consegue por um QRCode, na hora que estiver desfrutando da bebida, acessar via satélite o local onde foi produzido esse grão, consegue saber a data que foi colhido, beneficiado e colocado para consumo, existem cafeterias hoje que exploram esse mercado, onde existe uma janela entre a colheita e o consumo em até 24 horas.
O Gerente da Fazenda Bravinhos, produtora de Café no Alto Paranaíba em Minas Gerais João Bosco, relata que “mesmo com as fortes geadas enfrentadas na última safra a perspectiva de colheita é animadora”, o preço da saca de 60 Kg hoje é contado a R$ 1.150,00 de média para a data de redação dessa reportagem, e dependendo da qualidade do café, quando selecionado para participar de concursos específicos como os que acontecem em algumas regiões do Brasil, a saca de 60 kg pode chegar até R$ 50.000,00.
Segundo o sócio proprietário da Go To Agro, empresa do ramo de consultoria estratégica do agronegócio, Éder Guirau: “O mercado de café no Brasil ganhou muita notoriedade nos últimos anos devido a grande evolução em seu sistema de produção que permitiu além de um aumento de produtividade também a melhora na qualidade de bebida que é o fascinante mercado de cafés especiais. Com isso o café ganha cada vez mais notoriedade, pois enquanto a demanda mundial do café commodities cresce em média 2% ao ano a demanda de mundial de cafés especiais cresce 20% ao ano. Em 2021 vimos a China saltando da 36ª posição para a 24ª posição em compras e a expectativa é que a demanda mundial de café seja aproximadamente 200 milhões de sacas em 2030 e 300 milhões de sacas em 2050. Frente a esse cenário o grande desafio do Brasil para atender toda a essa demanda é o aumento de produtividade, já que o aumento de área é restrito.”
A cultura sofre com uma característica denominada de bienalidade do café, uma oscilação da produção em anos consecutivos, praticamente em um ano a lavoura produz uma elevada carga de grãos enquanto no outro tem-se uma baixa carga de produção. Um entrave para os cafeicultores e um grande desafio para agrônomos pesquisadores em manter uma média produtiva ideal.
O clima também tem sido um grande desafio para os produtores que enfrentam grandes problemas, como a geada, que dependendo de sua agressividade obriga o produtor a entrar com o manejo de esqueletamento (retirada de 90% folhas da planta) e até mesmo uma poda drástica, levando anos para que o produtor volte a colher nessas áreas.
Apesar dos desafios, continuamos sendo os grandes produtores, com qualidade de uma bebida vencedora em vários concursos mundiais. Seja o pequeno produtor da Zona da Mata Mineira, seja os premiados cafés da Chapada Diamantina na Bahia, seja o adocicado café de vó, ou aqueles que preferem uma bebida pura para intensificação do paladar, somos e sempre seremos os maiores e melhores produtores de café do mundo. Mais um motivo para se orgulhar do Agro Brasileiro.
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