O MAIOR DESAFIO AINDA ESTÁ POR VIR ?
Inovação
CÉSAR PATIÑO - MENTOR DE STARTUPS E CONSULTOR DE EMPRESAS
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Quem já assistiu Game of Thrones deve se lembrar da frase “Winter is coming”.

A aceleradora Y Combinator,  uma das referências do Vale do Sílicio, em carta enviada aos fundadores das startups no seu portfólio, deu a dicaprepare-se para o pior, pois o mercado será cruel.  Mas,  o que isso significa?

Depois de um excelente crescimento nos últimos anos e recorde de investimentos em 2021 movimentando US$ 643 bilhões, um salto de 92% sobre os US$ 335 bilhões de 2020, desde Abril  temos acompanhado um movimento crescente de demissões em massa nas Startups, o que tem deixado muita gente preocupada com o estouro da bolha Tech.

A lista de demissões no Brasil é longa e os cortes de pessoal são expressivos. Segundos  alguns  artigos publicados (O Globo, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Valor) entre as startups e  estimativas de corte podemos mencionar :

 

Creditas

11 pessoas

Empiricus

70 pessoas

Facily

200 pessoas

Favo

170 pessoas  (encerrou a operação Brasileira)

Grupo 2TM (Mercado Bitcoin)

90 pessoas

Kavak

150 pessoas

Loft

159 pessoas

Olist

150 pessoas

Pay Pal

60 pessoas

QuintoAndar

160 pessoas

Sami

75 pessoas

VTEX

193  pessoas

 

 

Mas este movimento de cortes em startups extrapola o Brasil e, segundo a Crunchbase foram encontradas 43 reportagens sobre demissões, apenas em Maio, nos Estados Unidos e acrescentou “Os próximos trimestres devem ser instáveis para quem está na indústria de tecnologia”. Em um cenário global, foram mais de 15 mil trabalhadores de tecnologia a perder o emprego só no mês de maio, de acordo com o Layoffs.fyi, um agregador de demissões atualizado em tempo real. 

 

Muitas startups tiveram uma valorização exponencial, baseada em sucessivas rodadas de investimentos realizados por fundos de Venture Capital e se tornaram unicórnios - startups avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão – mesmo com baixa geração de receita.

Para quem acompanha o movimento de Startups já havia percebido que muitas delas tem valor de mercado irreal, como o caso da startup Rivian, uma startup de veículos elétricos que mesmo sem vendas  (previsão de entrega dos primeiros veículos apenas em 2022) realizou o IPO  em 2021 e alcançou avaliação  US$98,9 Bilhões,  valor muito próximo  da  Ford (em Janeiro de 2022 alcançou US$100 BI).

 Em Novembro do ano passado, o investidor Michael Burry, que ficou conhecido por prever o estouro da bolha imobiliária dos EUA em 2008 (que foi retratado no livro/filme A Grande Aposta)  tuitou – e pouco depois desativou sua como costuma fazer - alertando os investidores que  “Mais supervalorização do que na década de 1990” em referência ao período da bolha da internet (também conhecida como pontocom).

Mas 2022 chegou com guerra na Ucrânia, lockdown na China e um momento delicado no cenário macroeconômico, com uma série de incertezas políticas e obstáculos no contexto global. – entre eles, juros altos, inflação elevada, queda de consumo.

A elevação das taxas de juros tem levado os investidores a optar por outros investimentos com menor risco, como renda-fixa,  gerando uma escassez de líquidez, ou seja, a fonte dos investimentos  está mais controlada e tem levado as startups a reverem seus planos. “Independentemente da sua capacidade de levantar capital, é sua responsabilidade garantir que sua companhia irá sobreviver se não for possível captar nos próximos 24 meses”, alertou a YC.

 Isso obriga as startups a voltarem aos fundamentos financeiros:   geração de receita, controle de custos e lucratividade.

Algo importante é notar que este ajuste de mercado tem impactado com maior intensidade as  startups em estágio avançado (late stage, em geral as que captaram séries C em diante),  e menos  as startups em estágio inicial (early stage). Isso porque investidores podem esperar até dez anos para que uma startup em estágio inicial tenha seu evento de liquidez e retorne o capital investido.

E junto com este cenário, vem a pergunta:

- Mas isso pode impactar também na inovação do mercado?  Afinal, startups são naturalmente um celeiro de inovação e novos modelos de negócios.

O papel da inovação nos negócios

Para começar, precisamos definir o que é inovação, uma das buzzwords mais usadas do mercado.

Se você perguntarmos a 10 pessoas diferentes como elas definiriam inovação, é provável que tenhamos  pelo menos 8 definições diferentes.

Então,  apenas seguindo a definição de Merriam-Webster. Eles simplesmente se referem à inovação como:

                        “Inovação é a introdução de algo novo.”

Agora que definimos o que significa inovação, podemos dar uma olhada sobre o papel da inovação, tanto para a sociedade em geral, quanto para empresas individuais.

Em primeiro lugar, para a sociedade em geral, a inovação é um fator-chave para o crescimento econômico. De acordo com um artigo da Universidade de Stanford, cerca de 85% de todo o crescimento que ocorreu na economia dos EUA entre 1870 e 1950 pode ser atribuído ao crescimento da produtividade por meio da inovação, e isso não é apenas uma anomalia individual. De acordo com o mesmo artigo, também houve descobertas quase idênticas em outras economias em épocas diferentes.

Assim, para qualquer  empresa estabelecida, claramente, seria tolice não perseguir essas oportunidades que respondem por 85% de todo o crescimento econômico.

Outro conceito importante e que muitas vezes se confunde com o próprio propósito das startups é Inovação Disruptiva, pois, em geral, as startups unicórnios  criaram soluções que reestruturaram o mercado.

A teoria da Inovação Disruptiva, criada pelo Prof. Clayton Christensen, inicialmente publicada num artigo da HBR chamado Disruptive Technologies: Catching the Wave e que depois se popularizou com o livro O Dilema da Inovação, a teoria diz que:

Inovação Disruptiva descreve um processo em que uma empresa menor, com menos recursos, é capaz de enfrentar com sucesso companhias dominantes estabelecidas. Entrantes que se mostram disruptivas começam a endereçar com sucesso esses segmentos mal atendidos, e ganham espaço ao oferecer funcionalidade mais adequada – frequentemente a um preço menor. Quando os clientes principais começam a adotar a oferta dos entrantes em volume, a ruptura aconteceu.”

Ou seja, olhando para as empresas estabelecidas e  startups, percebemos que ainda existem muitas oportunidades para inovação e criação de novos produtos e serviços para a sociedade.

Dentro das próprias empresas também existem oportunidades para melhorias incrementais através de inovação nos processos de negócios, pois sempre existe algum ponto do processo onde as novas tecnologias podem atuar para aumentar a eficiência.

No inicio de 2009, com o mercado sofrendo os efeitos da crise nos EUA, o Dr. Jim Goodnight, Fundador e CEO do SAS – maior empresa de software de capital fechado e líder no segmento de  Analytics – durante uma reunião com funcionários disse:  “Nós tomamos a decisão de crescer menos ou não crescer, mas não demitir. Identificamos que as grandes empresas de software estavam demitindo ótimos profissionais e decidimos contratar alguns, pois quando o mercado voltar a crescer  nós estaremos preparados e melhor posicionados para competir”, demonstrando uma visão estratégica de longo prazo.

E, atualmente, se falta capital financeiro temos disponível no mercado brasileiro o capital intelectual e tudo vai depender da estratégia de inovação de cada empresa.

A bolha não estourou , mas murchou um pouco, porém as oportunidades para inovar continuam existindo.

 

 

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