EMPREENDER SEM PERDER TEMPO.
Inovação
DIOGO RUIZ - EMPRESÁRIO
Diogo 2

Amigos, uma das resoluções para 2018 é compartilhar mais as experiências empreendedoras. Quando cheguei nessa nova empreitada de empreender no Vale, no início do ano passado, fiz um diário. Abaixo é o relato do primeiro dia. É gostoso relembrar, mas minha intenção aqui é dividir que o começo não é fácil, mas vale a pena, mesmo que seja só pelo aprendizado. Fora que o universo te traz os caminhos. Comentários, dúvidas, sugestões são muito bem vindas. Boa leitura.

O despertador nem precisou tocar. Eram pouco mais das 6h quando acordei. A Califórnia passava por uma sequência de chuvas torrenciais e o dia amanhecia garoando. Como de costume peguei meu celular para as primeiras notícias que vinham do Brasil. O fuso é favorável, pois o que era para acontecer, já aconteceu e pouco poderia contribuir. Mas aquela manhã acordou calma, tanto em Walnut Creek (falarei mais sobre a escolha da cidade em um próximo post), como no Brasil. Por lá, na empresa tudo corria bem.

Day, minha fiel companheira recém acordara. Aproveitamos aquele momento ainda na cama para baixar os aplicativos de notícias locais. Tenho como hábito, ao acordar entrar nos principais jornais para saber o que acontece no Brasil e no mundo. Entre meus objetivos aqui nos Estados Unidos, deixar o inglês afiadíssimo está no topo da lista. Minha irmã, que ficou fluente em francês em apenas 3 meses, deu a dica do que a ajudo, foi ler tudo o que podia, de bula de remédio a notícias. Então baixei 27 aplicativos, afinal alguns têm limite de acesso mensal. E quando atingisse esse número, teria outra opção de forma rápida. The New York Times, San Francisco Chronicle, CNN, FOX News, entre outros focados no mundo das startups e aqui no Vale do Silício, como TechCrunch e Crunchbase. Esse mundo ainda era muito novo para mim. Quanto mais informação eu tivesse, mais inteirado ficava e o inglês evoluiria.

Na noite anterior, tínhamos ido ao mercado. Comer fora seria poucas vezes. Queríamos manter uma alimentação saudável, e principalmente economizar. Tudo por aqui é muito caro, inclusive o mercado. Uma berinjela saiu incríveis 3 dólares (10 reais).

O café da manhã teve leite que já vinha achocolatado, pão com queijo, peito de peru e margarina. Como não tinha sanduicheira, usamos o forno elétrico para esquentar o sanduíche. Por fim, granola com iogurte. Nada mal. Muitas vezes, nem no Brasil tinha um café da manhã desses. Uma mulher ao lado é sempre bom para o cuidado com a alimentação. O curioso desse café é que me deu vontade de repetir tudo. Fazer outro sanduíche, mais um copo de achocolato e mais um prato de granola, mas o objetivo de economizar faz repensar a própria gula. Ponto para essa experiência na América.

Encerrei o café da manhã e fui logo preparar meu almoço. O que sobrou do jantar da noite anterior virou um burrito de legumes com frango que levaria ao trabalho.

Arrumei-me para ir trabalhar. Há pouco tinha lido um livro do criador do PayPal, que contava o que aprendeu no Vale do Silício, um dos aprendizados falava sobre vestimenta, que aqui a principal peça é a camiseta de sua empresa. Não fiz por menos e lá fui eu com a camiseta da Asteroide.

Enrolei-me um pouco para sair de casa. Tinha um sentimento que é difícil de explicar. O primeiro dia da escola, quando você tem medo de descer do carro. Hoje entendo bem o berreiro que as crianças fazem quando são deixadas por seus pais. Recebi um beijo carinhoso, ganhei um terço para me proteger, peguei meu skate e desci as escadas de nosso apartamento sentido a estação de Bart de Walnut Creek. Nesse primeiro mês alugamos via airbnb, uma casinha coisa mais linda, super pequena, mas que já deu vontade de não sair mais, vou tentar negociar com a dona para estender esse período. 

O skate seria meu meio de transporte nessa nova aventura na terra do Tio Sam, facilitava chegar e voltar da estação, tanto para casa como para o escritório.

Na estação a dúvida de todo turista. Qual trem pegar, quanto custa, estou no lugar certo. Não tinha ninguém para responder. Num adesivo na parede percebi os valores dos trechos. Assustei-me. 5,30 cada. Coloquei 20 dólares e subi as escadas. Lá perguntei se estava no local correto e qual trem deveria pegar. O google maps ajuda, mas sempre é necessária uma confirmação, principalmente quanto à direção e qual trem devo entrar.

No trem leio uma mensagem de conforto e apoio que vem da Day me desejando sorte e boas vibrações nesse novo desafio, deixando na vontade de Deus e dizendo que estará sempre ao meu lado.

Chego à estação Montgomery. Hora de descer e procurar o caminho para Sansome Street. Rocket Space, o quarto andar do número 180 seria meu escritório pelos próximos 180 dias.

Chego na recepção e pergunto pelo Fernando, da Apex-Brasil. A secretária informa que cheguei e pede que eu aguarde que ele já vem. Ao lado da poltrona, vejo que há diversos periódicos, alguns que quero colocar nas minhas leituras. The Economist, Wall Street Journal, entre outras publicações. Enquanto ele não chega, passo os olhos pela Entrepreneur Magazine.

Eis que chega um homem de estatura mediana e com um cavanhaque peculiar. O coordenador da agência brasileira me leva até minha mesa. Aplicamos por um programa do governo brasileiro que auxilia empresas brasileiras que querem se internacionalizar. Em San Francisco, eles o subsidiam ficar no Rocket Space, um dos mais badalados Co-workings da região.

Ele pede que escolha uma mesa, me organize que em breve voltaria para as primeiras orientações. Sou apresentado para o Gustavo Henkel. Brasileiro de Porto Alegre que está desde 2015 em San Francisco, quando veio para fazer um MBA. Pergunto pelo banheiro e ele me leva para um breve tour pelo espaço.

Sou convidado para entrar na sala da Apex para as informações iniciais. Apresento a Asteroide, recebo os primeiros conselhos para um recém-chegado. Entre alguns, não me preocupar com o inglês, ir para cima e ter confiança de que as coisas vão dar certo. Entrega-me alguns guias locais, lista de fornecedores e, em seguida, retornei para minha mesa.

O dia foi estranho. Sentia-me perdido, deslocado, sem confiança. Parecia que tinha voltado 10 anos atrás, no primeiro dia de trabalho. Aquilo era muito novo, era completamente desconfortável, mas sabia que era apenas o começo. Logo a confiança voltaria e me sentiria em casa. Passei a tarde trabalhando em questões mais gerencias e organizacionais, tanto do Brasil, como dos EUA. Mas aproveitei para ativar alguns contatos, entre eles com a fundadora da Bay Brazil, que faz um trabalho irado de conectar brasileiros que estão no vale. Contato iniciado em minha visita a Califórnia no ano anterior para prospecção e entendimento do mercado norte americano de produção de filmes e publicidade.

Fui dar um pulo na cozinha para pegar uma água de coco. Café, chocolate quente, cappuccino, refrigerante e algumas frutas estão a disposição. Lá encontro o Marcelo, também brasileiro que trabalha num app de gestão de rebanhos. Nisso chega um australiano que se apresenta a mim. Era a hora de eu me apresentar. Era meu primeiro momento falando do meu negócio, vamos lá. Um pouco desconfortável, me apresento e falo da Asteroide. Ele se interesse e diz para eu dar um pulo na mesa dele para que eu me apresente para a Head de Marketing. As coisas por aqui parecem ser muito diretas. As pessoas não perdem tempo.

Voltei para minha mesa e a angústia aumentava. Agora era a hora da verdade, estou lá para isso. Mas ainda não estava 100% preparado. Organizei meus vídeos, a ordem de apresentação e percebi que precisava preparar o meu discurso. Escrevi e pedi um feedback do meu irmão, que me ajudou com ajustes e correções gramaticais. Isso já era próximo das 16h e não encontrei Amil em sua mesa. Foi até melhor, pois ainda não estava preparado.

As 16h30 começava o Happy Hour da Rocket Space. Uma grande mesa com aperitivos e um bar que servia bebidas. Peguei um vinho tinto e fui ver a parede que ilustrava as mais variadas startups que passaram por lá. Era inspirador saber que estava no mesmo lugar de onde saiu gigantes como UBER e Spotify.

Nisso o Fernando chega e começamos a conversar, logo em seguida um jovem tcheco se apresenta. Era fundador de uma startup. Um software para venda de ingressos para teatros, shows e festas. É meu primeiro cartão trocado. Depois dele tiveram outros tchecos e Alfredo Copolla, o gestor da Aceleradora USMAC. Canadense, filho de italianos, com um cabelo bastante ousado para seus 50 e poucos anos. Aí passaram indianos que trabalham com impressora 3D, reconhecimento facial, entre outros. Foram vários cartões trocados, creio que entreguei para aproximadamente 8 pessoas de 5 diferentes empresas. Percebi que logo precisarei de novos cartões. Isso que trouxe mais de 400.

Encerra o dia, 17h o espaço já começa a ficar vazio, 18h03 saio do Rocket Space, sentido Walnut Creek. Em 40 minutos estava em casa, cansado, ainda apreensivo, mas sabendo que tudo seria uma questão de tempo.

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