A situação do mercado de streaming em poucas palavras
Era uma vez uma empresa chamada Netflix....
...que “pivotou” seu negócio de aluguel de DVDs por assinatura para criar o negócio de distribuição de vídeo pela internet (streaming). A Netflix cresceu, aproveitando a evolução da penetração de internet em muitos países, passou a produzir conteúdo próprio e hoje é um dos mais importantes distribuidores de conteúdo de vídeo diretamente ao consumidor do mundo.
Ao longo do tempo, para não ficarem para trás, os estúdios lançaram suas plataformas de distribuição de vídeo Direct to Consumer (D2C). Em paralelo, as empresas de TV por assinaturas tradicionais também lançaram suas plataformas de streaming ou seus “OTTs”. O resultado é que hoje os consumidores têm dezenas, senão centenas de opções disponíveis.
E, como nem tudo são flores, ao longo de 2022, a Netflix diminuiu seu ritmo de crescimento fazendo com que o preço das suas ações sofresse uma queda relevante. Eles mesmos admitiram publicamente que a realidade era pior que esperavam, segundo a The Economist.
Por outro lado, os estúdios vêm revisando suas estratégias de streaming após terem obtido resultados decepcionantes em 2022 com seus negócios D2C. Por exemplo, a NBCUniversal teve perda de US$ 1 bilhão no último trimestre de 2022. Paramount e Warner Bros Discovery tiveram perdas de US$ 2 bilhões no consolidado de 2022, enquanto a Disney teve perdas de US$4 bilhões, segundo reportagem da Telesíntese.
O resultado dessa situação é que o mercado de streaming deve crescer bem menos que no passado. Globalmente, segundo dados da Statista, o mercado de streaming vem apresentando sinais de saturação, após quase sextuplicar nos últimos 6 anos, devendo atingir U$ 124 bilhões até 2028.
No Brasil, também segundo a Statista, depois de observar anos de alto crescimento na quantidade de assinantes de streaming, impulsionado pelo aumento da densidade de banda larga fixa, é esperado que um ritmo menor nos próximos anos.
O mercado de gaming versus o de streaming
Segundo a Statista, o mercado global de vídeo gaming foi de U$ 330 bilhões em 2022 e, deve crescer 8% ao ano até 2027, atingindo U$ 500 bilhões. Embora tenha crescido menos historicamente que o streaming, o mercado de gaming é cerca de 3x maior e, esses 8% de crescimento representam o dobro do que é esperado para streaming.
Segundo a The Economist, a previsão é que, globalmente, os consumidores gastem cerca de US$ 185 bilhões em jogos em 2023, 5x mais do que em cinema e 70% mais que em plataformas de streaming. Além disso, os jogos não são mais um hobby de crianças, jogadores de console de 30 e 40 anos já superam os adolescentes e as pessoas de 20 anos.
Mas esse potencial do mercado de games não é algo exclusivo de países estrangeiros. No Brasil, existe um interesse significativo para o consumo de vídeo game, em diversas plataformas, de acordo com pesquisa feita pela Statista.
Jogos como um canal de distribuição de conteúdo
Recentemente, jogos tem se tornado filmes e se intensificado como canal de distribuição de conteúdo.
No início de 2023, por exemplo, foi lançado um novo título de Harry Potter. Foi o segundo mais bem-sucedido na história, mas não foi um filme.... mas sim um videogame.
Esse sucesso do Harry Potter é um exemplo de como os jogos têm potencial de superar a mídia tradicional como forma de entretenimento.
Segundo a The Economist, não são só os filmes que estão virando jogos. O contrário também está acontecendo, como os filmes “The last of us” da HBO o “Tetris” da Apple. O público também está consumindo cada vez mais mídia tradicional por meio de jogos. Por exemplo, a última temporada de “The Walking Dead” virou um jogo interativo no Facebook e músicos como Ariana Grande fazem shows em “Fortnite”.
A proliferação dos smartphones, que funcionam como “um console de bolso”, soma horas de diversão em trânsito. Além disso, as SmartTVs e as plataformas de streaming devem impulsionar isso ainda mais, pois podem trazer jogos para as salas sem a necessidade de hardware dedicado. Apple e a Netflix por exemplo estão complementando suas ofertas de streaming com jogos.
Nesse contexto, segundo o Techcrunch, depois de sinalizar em 2022 suas intenções de expandir a atuação para jogos em nuvem, a Netflix lançou em 2023 um aplicativo que permitirá que os assinantes joguem em seus aparelhos de SmartTVs. Apelidado de “Netflix Game Controller”, ele permite que o telefone, após se “emparelhar” com a TV, funcione como um controlador para os jogos disponíveis no serviço do Netflix.
Ainda não há notícias sobre quais jogos da Netflix estarão disponíveis, nem quando. Mas o racional por trás desse lançamento parece ser a busca por crescimento.
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