Não há dúvidas de que o mercado financeiro tomou conta das redes sociais nos últimos anos. De corretoras de investimentos a traders, muitos perfis já passaram pelo nosso feed algumas dezenas de vezes, estratégia que tem se mostrado promissora. Enquanto que em 2011 a bolsa brasileira fechou com um pouco mais de 500 mil investidores cadastrados, em outubro de 2021 a B3 atingiu a marca de 4 milhões de contas de pessoa física, somente em renda variável. Já o número de investidores em renda fixa está na casa de 9,6 milhões. Ao todo são 13,1 milhões de pessoas físicas investindo em renda variável e renda fixa. Diante dessas informações, podemos ver que cresce ano a ano, o número de pessoas que procuram investimentos de maior exposição ao risco, em busca de melhores remunerações. Ainda que determinados investimentos pareçam boas oportunidades, o investidor não pode se esquecer da importância de entender o seu momento de vida na hora de selecionar seus investimentos, de forma que estejam em sintonia.

Uma carteira de investimentos de um advogado, solteiro de 28 anos sem dependentes é totalmente diferente da carteira de um dentista de 32 anos e 3 filhos. Um investidor de 28 anos, solteiro e sem dependentes possui uma necessidade financeira menor, caso ocorra problemas de saúde que o impossibilite de trabalhar. Enquanto, um dentista de 32 anos com 3 filhos pequenos, tem a preocupação de garantir a segurança financeira para os filhos caso ocorra algum evento que o empeça de exercer a profissão. Um outro exemplo, duas empresárias de 35 anos, ambas com 2 filhos pequenos e a mesma renda familiar, uma é mãe solteira enquanto a outra tem a renda do marido para dividir 50% dos custos da casa. A empresária responsável por 100% da renda do lar tem uma preocupação maior em relação aos riscos e liquidez de seus investimentos, enquanto a empresária que divide a renda e os custos da casa, se preocupa menos com esses fatores.

Existem dezenas de investimentos com características diferentes para momentos de vida e perfil de investidores diferentes. O que é preciso levar em consideração na hora de investir são os diversos cenários e imprevistos que podem acontecer na vida do investidor, e como os seus investimentos irão ajudar quando eles acontecerem. Perfil de investidor As preferências do indivíduo junto a capacidade de lidar com o risco, determinam as decisões na hora de investir. Liquidez, riscos e lucratividade são as variáveis analisadas para montar uma carteira de investimentos personalizada. Muitas vezes há um equívoco do indivíduo, onde ele acredita possuir uma característica de investidor quando na verdade tem outra. Não são raras as situações em que a pessoa investe na bolsa de valores acreditando ter apetite ao risco, mas quando há uma queda das ações já na primeira semana, sente um incômodo enorme em relação ao investimento. Isso decorre da falta de conhecimento do perfil de investidor.

Existem basicamente 3 classes de investidores:

Conservador: Segurança e liquidez são as características mais importantes para o investidor conservador. Risco e volatilidade o deixam extremamente desconfortável, fazendo com que busque aplicações com rendimentos previsíveis e data de resgate programadas. Normalmente são investidores iniciantes ou que seu momento de vida não permita riscos.

Moderado: Equilíbrio é a palavra que define o investidor moderado. Enquanto alguns correm do risco e outros correm na direção do risco, o moderado não aceita riscos desnecessários, mas é capaz de aproveitar boas oportunidades. É normal em sua carteira haver tanto investimentos de renda fixa quanto bolsa de valores, sendo investimentos de risco porcentagem menor. Perfil comum em pessoas que já têm certo conhecimento de mercado e podem arriscar parte de suas economias sem abrir mão da segurança.

Agressivo: Também conhecido como arrojado ou sofisticado, esse tipo de investidor está sempre atento aos maiores retornos, aceitando riscos que outros não aceitariam. Prazo, volatilidade e risco são algumas das variáveis observadas, podendo aceitar investimentos de longo prazo desde de que o retorno seja compensador. Pode conter investimentos conservadores em sua carteira, porém somente até aparecer uma nova oportunidade em renda variável. Esse perfil é indicado para pessoas que não precisem do dinheiro da renda variável no curto prazo, e buscam grandes retornos no longo prazo.

Problemas mais comuns para os investidores:

Todos os tipos de investidores enfrentam diversos problemas na sua trajetória com investimentos. Muitos deles poderiam ter sido evitados com um pouco mais de estudo ou uma assessoria profissional.

Sobrecarga de informação: Investidores iniciantes, muitas vezes, procuram conhecimento na internet e com isso recebem uma enxurrada de informações. O problema desse excesso de informação é a dificuldade em distinguir os bons investimentos dos ruins, de acordo com o momento de vida desse investidor.

Riscos desconhecidos: Nem sempre o investidor tem todas as informações dos riscos envolvidos de determinado investimento no momento da escolha. Quando falo em risco para o investidor, também me refiro ao risco de liquidez.

Já pensou investir em algo sem ter todas as informações e no momento que precisar do dinheiro descobrir que só pode resgatar somente depois de dois anos? Ou ser pego de surpresa com um prejuízo que não esperava?

Capital limitado: Investir com pouco capital não é um problema, mas quando falamos em montar uma carteira de investimento, a quantidade de capital aportado é importante, tanto para fazer a diversificação quanto para o gerenciamento de risco. Uma carteira com capital menor é mais limitada no quesito diversificação, ficando muitas vezes expostas a poucos ativos, afetando assim o gerenciamento de risco. Diversificação excessiva: Não diversificar pode ser um erro no momento do investimento, mas o contrário também pode ser verdade.

Diversificação em excesso pode prejudicar o rendimento da carteira sem oferecer vantagens na redução de risco. Comprar todas as ações da bolsa de valores ou investir em vários fundos de investimentos, não vai proteger a carteira tão pouco alavancar o lucro. Diversificação exagerada vai fazer somente com que a carteira tenha um rendimento igual a média.

No momento de investir, mais importante do que o próprio investimento, é conhecer o seu perfil como investidor e em qual momento de vida você se encontra. Não existe investimento errado, mas há investimentos ruins para investidores fora daquele perfil ou em momentos desfavoráveis. Nunca invista sem antes responder as seguintes perguntas: Qual o meu objetivo? Qual risco posso assumir? Quanto tempo meu dinheiro pode ficar aplicado? Existindo o risco do pior cenário, caso meu investimento vá a zero, afetaria a saúde financeira do meu lar? Caso haja 4 respostas satisfatórias, creio que o sinal está verde para investir.